quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Por trás do fechamento dos sites de compartilhamento

Essa semana tem sido conturbada por uma série de ações do FBI e reações por parte do Anonymous a respeito do fechamento de um dos principais sites de compartilhamento online, o Megaupload. Além da prisão do fechamento do site, o dono Kim Dotcom foi preso e pode pegar 50 anos de prisão por violar uma lei que vale nos Estados Unidos. O fato faz com que vários outros sites comecem a se preocupar e fechar as portas, como é o caso da lista da repercussão do SOPA/PIPA divulgada pelos Anonymous do Brasil:



Por trás do fechamento do Megaupload

Uma teoria sobre o afinco com que o FBI se impôs para fechar primeiramente o site de Kim Dotcom foi divulgada recentemente. De acordo com o O Globo, um novo site (o Megabox) pertencente ao grupo Megaupload estava em desenvolvimento e ameaçava negócios da gravadora, pois forneceria cerca de 90% das receitas arrecadadas diretamente para os artistas parceiros do site. Essa informação teria sido publicada   pelo próprio Kim Dotcom em Dezembro de 2011 e alguns artistas como Kanye West e Snoop Dogg estariam elogiando o site devido a isso.

Por trás da legislação do FBI

Ainda é confuso pensar como uma lei nacional tem efeitos mundiais, pois o Megaupload possuía sua sede fora dos Estados Unidos. Além disso, a votação sobre o SOPA/PIPA foi cancelada para melhor debate sobre a legislação na Internet. Então o que justifica a onda desses fechamentos de sites de compartilhamento?

O fato é que está sendo mostrada ao mundo uma novidade que já não era surpresa para empresários americanos desde o Consenso de Washington, em 1989, quando da determinação de regras sobre os passos futuros da economia mundial. Entre outras coisas, como a redução dos salários, a flexibilização do trabalho e a diminuição do poder do Estado frente os direitos humanos na sociedade global, está justamente a criação de uma lei uniforme de proteção  da propriedade intelectual (conferir em Boaventura de Sousa Santos (Org.) - A Globalização e as Ciências Sociais, 2011, p. 36), uma primeira lei verdadeiramente global, cujas cartas são distribuídas pelos detentores de capital (Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, multinacionais americanas, européias e asiáticas), com tal legislação sendo negociada com países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, em troca de acerto de contas e beneficiamento estratégicos da economia sobre esses países. É por isso que não devemos também achar esquisito caso o Brasil aceite essa legislação, fazendo com que sites de compartilhamento de arquivos tupiniquins venham a ser criminalizados tal qual ocorreu com o Megaupload.

A reação dos Anonymous 

Um grupo de hackers criou um site de compartilhamento de arquivos semelhante aos sites que estão fechando. O http://www.anonyupload.com/ , que viverá de doações, não é uma criação do grupo Anonymous, mas tem o apoio deste. A proposta é justamente negar as restrições impostas pelo FBI.

Durante as represálias dos Anonymous nos dias que se seguiam ao fechamento do Megaupload e demais sites, vários sites (de empresas que apoiam o SOPA/PIPA e mais recentemente ACTA em várias partes do mundo) foram congestionados e os principais filmes e músicas da Sony foram disponibilizados para download em formato .torrent.

Estamos prestes a vivenciar o que alguns chamam de "World War Web", cujos conflitos têm impacto mundial e oferecem a necessidade de se repensar os valores por trás das ações consideradas legais e ilegais na rede mundial de computadores.

Carreguem suas armas, traga seus amigos. É mais uma vez um conflito originado pelas relações de detentores de capital e demais seres humanos.



quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Por Uns Bytes de Memória


O ilustrador Gus Morais fez algumas tirinhas importantes para refletir as transformações da internet, e consequentemente, as transformações da vida humana diante dela. Vale a pena conferir!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A Timeline do Facebook: uma contribuição para a memória das redes sociais

O Facebook lançou para todos os seus usuários nos últimos meses de 2011 a Timeline, que se trata de uma mudança estrutural no perfil do usuário que permite visualizar numa linha do tempo todas as atualizações executadas. Em relação ao perfil anterior, agora é possível visualizar todas as atualizações ao longo dos anos, além de marcar fotografias e aplicá-las em datas passadas. Dessa forma, a mídia social passa a ter uma serventia a mais, que é o registro histórico da vida do usuário, caso ele deseje.



É de se olhar com críticas a possibilidade de o Facebook funcionar como um grande depositário de informações de pessoas em todas as partes do mundo, podendo tais informações estarem a serviço de determinado governo. Nesse sentido, muitos preferem se resguardar a não exporem sua história voluntariamente, de maneira a procurar outros fins virtuais para registrar sua história em imagens e frases ou mesmo não registrar. Por isso, reconhece-se que o avanço histórico permitido pela Timeline do Facebook tenha 2 vias, uma positiva e negativa, ou uma função que tenha consequências. De toda forma, desde que o usuário aceite compartilhar suas informações e imagens em qualquer mídia social, sempre estará se arriscando a pagar um preço.

Vendo as coisas pelo lado positivo, pensa-se a grande contribuição da Timeline, pois torna possível visualizar posts antigos, independente do tempo distante em que foram escritos. Essa novidade é interessante na medida que o Twitter, depois de ter crescido juntamente com o próprio Facebook em relação ao Orkut no Brasil, não ter oferecido em sua plataforma a possibilidade de resgatar atualizações antigas, tornando o discurso puramente válido enquanto momentâneo. Além disso, a Timeline do Facebook organiza as ações na mídia social, o que ajuda a pesquisar os compartilhamentos de informações desejáveis. Enfim, se utilizada de maneira a beneficiar em meios práticos a vida do usuário, o preço a se pagar por registrar informações talvez não seja tão caro assim. Agora se você odeia bisbilhotices dos (des)conhecidos da própria rede ou de espiões nacionais ou gringos, então mantenha distância.