segunda-feira, 31 de outubro de 2011

#marchacontraalgoépreciso



As marchas organizadas na Internet e aplicadas nas vias públicas de várias partes do país são uma das formas mais comuns de ciberativismo. A prática de ir às ruas reivindicar algo, no entanto, já é uma estratégia conhecida ao longo das formações sociais históricas em várias partes do mundo. Mas o que parece haver de diferente e específico aos tempos atuais são necessariamente o tipo de agente participativo, o objetivo e a estratégia de organização, como afirma Robert Brym (et al, 2010) no livro Sociologia: sua bússola para um novo mundo. Através das discussões propostas pelo autor em sua obra, percebemos que esses marcos analíticos, aplicados em diferentes formas de movimentos sociais ao longo de diferentes processos históricos, possuem características específicas que variam de época em época.

 
Na sociedade contemporânea, conhecida pelos avanços tecnológicos e sobretudo na área de comunicação, os marcos analíticos sugerem que o agente participativo é basicamente uma heterogênea formação de setores populares compostos por variados estratos sociais (do pobre ao intelectual, do estudante ao professor, do desempregado ao empresário). O objetivo dessa nova forma de movimento social na sociedade global seria basicamente reivindicar a garantia ou conquista de direitos ou benefícios mais ampliados e menos restritos a uma causa determinada (como uma reivindicação do Movimento Sem Terra ou de políticas afirmativasas afirmativas do Movimento Negro), o que justificaria em certo ponto a heterogeneidade de participantes aderentes a esse novo tipo de manifestação. No entanto, em vias de esclarecimento, essas reivindicações não tendem a substituir os movimentos sociais tradicionais. Apenas a identidade dos novos movimentos sociais é que são específicas no que confere ao grau de durabilidade, muitas vezes dependente da própria velocidade com a qual a informação é consumida na rede. Se por um lado temos uma sociedade que vive, dentre outras formas de captação de informação, na alta velocidade de informações vomitadas a todo momento via internet, por outro, temos uma dinâmica nova de organizações de movimentos sociais, quase que igualmente rápidas no que se refere à durabilidade da manifestação, no entanto ocorrente em várias edições. É o que temos visto em 2011 com tantos protestos indo às ruas a partir de organizações em mídias sociais (o que seria portanto a estratégia de organização dos novos movimentos sociais). 

A sensação é que o número de manifestações organizadas na rede este ano é maior do que o número de movimentos sociais em anos anteriores, cuja estratégia de organização social específica ainda não tinha sido perceptível pelos ativistas. Uma outra hipótese de uma variabilidade de agentes componentes de estratos sociais distintos que participam de manifestações práticas organizadas na rede é o fato de tais manifestações serem pontos de encontro entre indivíduos que até então se conheciam apenas via Internet. Assim, a função dessas mobilizações não se limita somente ao ato de reivindicar, mas também ao ato de promover o contato entre aqueles que lutam por uma mesma causa.




É nesse contexto de novos movimentos sociais que as marchas tem se pautado. Marchas sobre diversas reivindicações, as quais são comuns em vários setores da sociedade, são deflagradas em várias cidades. Tais marchas, por conta de sua ocorrência recorrente, já foram questionadas muitas vezes em termos de causa e de efeito, além de serem ridicularizadas por indivíduos que entendem estas manifestações como algo em vão. Ao se estruturar na justificativa de que, na sociedade constitucional e democrática, o verdadeiro efeito se faz mediante o voto dos representantes para o campo político (o que logo depois diriam que é outra coisa sem efeitos, uma vez que o povo brasileiro não se interessa por política), estes críticos das #marchascontra alguma coisa parecem ter conquistado a razão. No entanto esquecem que, uma vez a sociedade brasileira estando cética no campo político (e por isso o desinteresse no tema da política, o que acaba na eleição dos mesmos políticos corruptos de sempre), é preciso fazer algo para mudar nossas estruturas sociais. E é aí que eu defendo a prática das marchas, na medida em que servem, além da reivindicação per si e do local de encontro entre ativistas, como meio educativo e de conscientização política por parte de quem participa. Essa concepção "educacional" das marchas é importante no sentido de que elas trazem para perto da juventude participativa desses movimentos (estudantes ou jovens trabalhadores) e parte da população cética que vai às ruas pra ver no que é que dá, um quê de oportunidade para se discutir direitos e deveres dentro da cidadania que todos os brasileiros têm direito.


Em suma, pode ser que os críticos contra as marchas realmente tenham razão em estas não produzirem um efeito reivindicatório tão grande quanto o uso dos meios legais ou a hora de você deliberar o seu voto. No entanto, as demais funções sociais que as marchas permitem são essenciais para ajudar a ensinar o povo a lidar com a democracia de maneira ideal, e combater esse ceticismo ao passo que temas políticos se tornem assuntos do dia-a-dia.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

As Mídias e Ciências Sociais: preocupações do passado ainda pautam pesquisas de hoje.

Uma matéria do site Mídias Sociais me chamou atenção, devido ao título "Governo americano quer usar redes sociais para prever futuro". Segue a matéria na íntegra:

"O governo americano segundo informa o New York Times, está investindo tempo e dinheiro em um novo projeto que utiliza a mineração de dados na internet (data mining) – como pesquisas online e mensagens do Twitter, posts no Facebook e em blogs para prever instabilidades sociais e econômicas.
Uma agência de inteligência americana começou a procurar por ideias, entre cientistas sociais acadêmicos e corporações, sobre maneiras de explorar automaticamente a internet em 21 países latino-americanos para a obtenção desses dados, segundo uma proposta de pesquisa divulgada pela Iarpa.
Os pesquisadores acreditam que os dados coletados através de redes sociais, pela primeira vez, podem revelar as leis sociológicas do comportamento humano, permitindo que eles prevejam crises políticas, revoluções e outras formas de instabilidades sociais e econômicas da mesma maneira que os físicos e químicos podem prever fenômenos naturais.
A experiência terá a duração de três anos e será focada em padrões de comunicação, consumo e movimento de populações. Ele utilizará informações publicamente acessíveis, incluindo consultas de pesquisas online, entradas em blogs, fluxo de tráfego de internet, indicadores de mercados financeiros, tráfego de webcams e mudanças em entradas postadas na Wikipedia."

Eu, como estudante concluinte do Curso de Ciências Sociais, fiquei surpreso tamanha a ousadia do governo americano em captar leis sociológicas gerais que determinem o comportamento humano. Mas essa ambição não é novidade no histórico acadêmico de nossa ciência. Cada um a seu modo, vários cientistas sociais considerados clássicos que levaram consigo a proposta de entender a vida social como um todo buscaram realizar tal façanha mediante a aplicação de sistemas teóricos que tinham como premissa básicas a possibilidade de prever ou apontar ações que justificassem grandes problemas ou fenômenos da sociedade "geral". Autores como Marx, Weber, Tarde, Parsons e Durkheim, só para citar os mais conhecidos, faziam a seu modo uma sociologia ambiciosa. Destaque para Durkheim, que reconhecia na sociedade um corpo diferente do indivíduo ao passo que lhe conferia caráter regulador de ações mediante o constrangimento que estava além da ação humana. Segundo o autor, seria possível estabelecer leis sociológicas a partir do estudo de fatos sociais correspondentes a uma dada sociedade, e pensar o comportamento humano (como atitudes extremas como o suicídio) a partir dessas leis, excluindo, dessa forma, que houvessem algumas ações em detrimento de outras, mais recorrentes.

Verdade seja dita, muito do que se produziu na academia tem questionado e até ido contra essa ambição de compreender fundamentos que determinem o comportamento humano de tal forma que seja capaz de se chegar a previsões. Isso faz com que o comportamento humano seja cada vez mais complexificado, desmitificando simplificações que eram fomentadas na teoria social do séc. XIX. No entanto, uma vez a ciência tendo subdivisões dentro dela mesma (considerando que cada comunidade acadêmica distribuída ao longo de todos os continentes apresenta suas próprias características e objetivos específicos de compreensão da realidade), é possível que vez ou outra surjam notícias como esta. A questão, portanto, é pensar a possibilidade de previsão do comportamento social desses estudos nos EUA considerando as organizações das redes sociais na internet. 

Eu sou particularmente cético o suficiente para não acreditar na façanha desses estudiosos. Mas a tentativa deles não é insensata, considerando a nossa sociedade confessional consolidada (onde a internet é utilizada, entre outras coisas, para se dizer alguma coisa a alguém, o que facilitaria no rastreamento de desejos e de avisos prévios de práticas) e os interesses políticos por trás da encomenda da pesquisa (considerando as forças de movimentos sociais organizados na Internet, o governo e empresas privadas danificadas por ataques hacker estariam buscando formas de conter ou se prepararem para tais atos). Se for possível esse grupo atingir essa ambição, então uma nova era de façanhas surge para a sociologia, como é comum que se ocorra para uma ciência que sempre tenta se superar. A nós resta esperar, mas reitero, há muitos questionamentos críticos que virão no caso de um possível sucesso de pesquisas como esta, no objetivo de desestruturar sua linha sistemática de teoria.

sábado, 22 de outubro de 2011

A ditadura da visibilidade

"Imperativo da visibilidade" é um conceito tecido por uma autora chamada Paula Sibilia, que significa a necessidade da sociedade atual da exposição pessoal. De caráter individualista, põe a condição de que é preciso ser "visto" para existir no ciberespaço.

Para Recuero, no livro "Redes Sociais" (2009), Talvez, mais do que visto, essa visibilidade seja um imperativo para a sociabilidade mediada por computador.

O que parece significar essas conclusões das autoras que estudam algumas das atuais dinâmicas da comunicação mediada por computador? Não estaríamos vivendo atualmente numa Ditadura da Visibilidade?

 Num post anterior, apresentei a crítica de Bauman (transcrevendo trechos do livro "44 Cartas do Mundo Líquido Moderno") para com o Twitter (não só para o site do passarinho, mas as mídias sociais em geral). O autor chama a atenção de que a indução do site em perguntar ao usuário "O que está acontecendo?" produziria uma cacofonia de sons cujo conteúdo não era mais importante do que o fato de se dizer algo. Esse é um aspecto do incentivo à visibilidade proporcionado pelas mídias sociais. No Facebook, por exemplo, cada vez mais você é incentivado a dizer mais sobre você do que em qualquer outro lugar. As atualizações do site indicam que será legal se você mostrar o seu dia a dia com fotos, frases e vídeos.

Afinal, diante do que as mídias colocam para nós seguirmos, essa aparente "Ditadura da Visibilidade", quais os impactos disso em nossas práticas sociais? Será que estas não estariam modificando de acordo com nossa vivência e forma de dedicação à rede? Diante da enxurrada de tentações para dizermos ao mundo sobre o que gostamos, pensamos e fazemos, será que isso não contribui essencialmente para nos tornarmos cada vez mais individualistas?

A compreensão das relações socais provenientes na Internet ainda estão longe de serem esgotadas, no entanto já há discursos como o de que na rede, as relações são de produtores e consumidores de informação, e numa estrutura como a mídia social Twitter, essa relação se torna mais evidente: se usuário X não me interessa em nada, então não faz sentido eu segui-lo. É de fato uma escolha somente MINHA mantê-lo ou excluí-lo, mas a estrutura do site e sua dinâmica de funcionamento me INCENTIVA a querer filtrar usuários, pois a timeline corre o tempo todo com atualizações de todos que eu sigo, e eu não gostaria de ter inundações de atualizações de perfis que não são importantes para os meus objetivos de participar daquela mídia social.

Talvez não importe se usuário X na vida real é meu parente ou meu amigo. O que fará eu segui-lo será outros critérios. Isso parece romper com uma relação de fidelidade tradicional, onde o ser importava-nos mais por seu caráter e por sua amizade do que pelo que este poderia oferecer a mim. É óbvio pensar que as relações em rede não são exatamente como as relações na vida prática, mas não podemos pensar que o virtual é o falso enquanto que a vida prática seja a vida real. O virtual é tão real quanto o prático, apenas muda sua dimensão para um espaço onde podemos projetar - ou nós mesmos, ou outros. É por isso que me interessa compreender o quanto o uso da internet pode mudar ou já tem mudado nossas relações interpessoais na vida prática. É uma preocupação não só de interesse acadêmico, mas também uma angústia de interesse humano.

sábado, 15 de outubro de 2011

Discutindo a cultura digital: contextos, conteúdos e perspectivas #infodigital


A cultura digital é vista pelo Ministério da Cultura (MinC) como fenômeno incontornável e pode ser percebida na promoção de diversidade, transformação social e desenvolvimento, tendo em vista a percepção da dimensão que as redes e tecnologias digitais adquiriram na sociedade contemporânea. Nesse contexto o uso intensivo das tecnologias de informação e comunicação, em especial da internet, oferece novos contextos para a produção, uso e compartilhamento de informações, novos cenários para a educação bem como novos contornos à capacidade de mobilização política dos grupos na sociedade da informação.  Nesta quarta-feira, dia 19 de outubro de 2011 a mesa redonda: “Informação, Tecnologia e ambientes colaborativos”(15h – 17h) e as comunicações orais de trabalhos (19h – 21h20) se colocam como espaço para reflexão e debate sobre as implicações dessa cutura digital em nosso cotidiano.
A atividade acontece no Instituto de Ciência Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA) e faz parte da programação da Jornada de Biblioteconomia durante a semana do Congresso Acadêmico da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Retirado do blog Ciberculturalagoana

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A reflexão de Bauman sobre o Twitter

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman tem indagado e tecido algumas reflexões em torno das consequências dos aspectos e peculiaridades que caracterizam a época contemporânea - batizada por ele de modernidade líquida. Dentro dessa perspectiva, tem elaborado diversos livros falando o que pensa em vários âmbitos da vida social: o amor líquido, a política deslocada, a sociedade individualizada, a vida na sociedade de consumidores, o capitalismo parasitário, as consequências humanas da globalização, o medo líquido, o mal-estar da pós-modernidade, etc. Ainda pretendo escrever um post sobre as relações entre a sociedade pós-moderna e as tecnologias. Por hora, centrarei o post de hoje numa das cartas de Bauman que foram lançadas em compilação no livro "44 Cartas do Mundo Líquido Moderno" (detalhe da imagem). Tal carta tem como título "Como Fazem os Pássaros" e discorre sobre a impressão de Bauman a respeito do Twitter, uma das mídias sociais que mais crescem no mundo. O autor, no entanto, sugere que o uso da mídia tal qual a forma que é propagandeada pelos seus fundadores tende a produzir uma cacofonia de gorjeares (tweeters) cujo conteúdo não é tão importante quanto o fato de dizer a alguma coisa. Separei alguns trechos desta carta:


"Por cortesia da administração do Twitter, nossa notória mas envergonhada reticência e falta de jeito para relatar os motivos e objetivos de nossos atos - e os sentimentos que os acompanham - deixaram de ser uma desvantagem e subiram ao pódio das virtudes. O que nós e todos os nossos iguais somos levados a compreender é saber e contar aos demais o que estamos fazendo - neste momento ou em qualquer outro; o que importa é ser visto. Não tem importância alguma saber por que fazemos tal coisa, o que estamos pensando, desejando, sonhando, o que nos alegra ou entristece quando a fazemos, ou mesmo outras razões que nos inspiraram a usar o Twitter, além de manifestar nossa presença."

Para Bauman, o que as pessoas são incentivadas a falar no site (através do "O que está acontecendo?") é produzir muitas palavras sem se preocupar necessariamente com a relevância do conteúdo, ao passo que exacerba o narcisismo e reduz os rituais de comunicação diante das conversas anacrônicas.

"O contato face a face é substituído pelo contato tela a tela dos monitores; as superfícies é que entram em contato. (...) O que se perde é a intimidade, a profundidade e durabilidade da relação e dos laços humanos".


Twitter: falar por falar é um imperativo do site. Usuários precisam ir além.

Na modernidade líquida, uma das características fundamentais é a fluidez das interações - fato que Bauman lamenta. Cada vez mais a intimidade, a profundidade e a durabilidade das relações humanas são pautadas pelas tecnologias que se tornam sucesso entre a sociedade, como se a cada adesão do indivíduo à rede e seu uso estrito de acordo com o que é estabelecido pela mídia tende a significar o início ao processo de abandono de relações aproximadas, duradouras e constantes. Por fim, o autor não esquece que permanecemos dentro da sociedade capitalista, cuja regra parece se manter: "lucros privatizados, perdas socializadas".

"Sejamos realistas: os impactos das novas tecnologias de comunicação são como os feitos da economia liderada pelos bancos, em que os ganhos tendem a ser privatizados, e as perdas socializadas. Em ambos os casos, 'os danos colaterais' tendem a ser desproporcionalmente maiores, mais profundos e insidiosos que os eventos e raros benefícios".

A visão de Zygmunt Bauman diante da modernidade líquida - e tudo o que faz parte dela (a globalização, o consumismo, a rapidez da tecnologia e os (des)caminhos da ciência) - sugere que a priori, o Twitter e as demais mídias sociais têm um impacto negativo na vida humana. O que talvez pode ser feito para utilizar as mídias sociais sem sermos submetidos à ela só para o lucro, acredito eu, é dotar de uma reflexividade até então inédita na sociedade moderna capaz de trazer ao indivíduo a tomada do poder da informação, sendo ele, e não a empresa, quem dita e domina os caminhos de si mesmo a partir de seu uso na rede. Tal necessidade de reflexividade parece ser um consenso em outros pensadores contemporâneos como Pierre Lévy e Anthony Giddens.

E você, o que acha?


BAUMAN, Zygmunt. 44 cartas do mundo líquido-moderno. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Anonymous e algumas estratégias do movimento social global




Se você vive na rede com uma frequência diária, em algum momento já se deparou ou se deparará com alguma informação sobre o Anonymous, um grupo considerado terrorista por governos como os dos EUA. Alguns ataques hacker para com empresas tem sido a justificativa para classificar este grupo como tal, mas talvez simplificar os fins pelos meios seja uma forma de anular uma força muito maior que está por dentro das propostas do grupo - uma força que parece ganhar apoio em vários lugares do mundo. Hoje no Brasil já é possível perceber a adesão de manifestantes nas ruas com apetrechos dos Anonymous - como a frase em cartazes "Nós somos Anonymous. Somos uma legião. Nós não perdoamos. Nós não nos esquecemos. Nos aguarde." ou mesmo uma máscara referente a Guy Fawkes, que ficou conhecida na sociedade moderna através da novela gráfica de Alan Moore e David Lloyd, V de Vingança (ou V for Vendetta) no final dos anos 80. A ideologia comum entre a história de vida de Fawkes, o personagem V e os atuais anônimos é a persistência e resistência contra um sistema opressor. No caso, os Anonymous lutam  (além de outros objetivos mais locais) contra os males do sistema capitalista acreditando ser o desmoronamento desse sistema mediante a adesão e mobilização popular a solução contra as formas de opressão e corrupção permitidas por ele. Aparenta ser uma forma de anarquismo. Abaixo segue um vídeo criado por integrantes dos Anonymous para explicar a lógica e o pensamento do grupo.




A grande característica dos Anonymous, que parecem inaugurar ou pelo menos por em evidência um movimento social global, é a capacidade de se articular em várias partes do mundo, contando com representantes em vários países de ordem capitalista (ou seja, a grande maioria), cujos representantes participam do movimento por aproximação ideológica ao invés de objetivos de lucro.Ou seja, é uma adesão voluntária, baseada no compartilhamento de ideias e interesses comuns. Outra característica é que, para preservar a segurança entre si, os Anonymous acautelam-se em não manter contato pessoal, se utilizando da rede para articular ações e divulgar manifestações em todo o mundo. Por fim, a característica final do Anonymous é sua flexibilidade de organização. O grupo não se compreende sequer por grupo, mas como uma ideia que precisa ser colocada em prática. Os anonymous aparentemente não têm líderes (ou não querem levar a acreditar que têm), pois são contra hierarquias. Por fim, pregam pela organização popular  contra as mazelas do capitalismo onde quer que o povo esteja. Abaixo temos um exemplo de como o movimento Anonymous tem se fortalecido no Brasil. Um vídeo dos Detonautas no Rock In Rio no dia 02 de outubro, cujo vocalista usa uma máscara de Guy Fawkes e critica a corrupção e impunidade (forte simbolização ao Anonymous e V for Vendetta), é um exemplo de que os Anonymous no Brasil estão plantando raízes:



A existência de grupos como o Anonymous mostra que o ideal de uma sociedade anticapitalista e com fundos socialistas ainda se mantém apesar da simbólica derrocada do sistema socialista com a queda do Muro de Berlim, no final dos anos 80. A globalização, uma realidade mundial do avanço do capitalismo, está sendo usada agora como ferramenta de uma resistência mundial que mantém uma ideologia contra o sistema por esse grupo.

Para vias de reflexão, percebemos que as características principais do Anonymous podem ser pensadas como uma confluência das teorias gerais do movimento social atual. Discorrerei em outros momentos acerca dessa teorização, que se encontra escorada nas explicações de Alberto Melucci e Ilse Scherer-Warren. Por hora uma coisa é certa e que pode ser adiantada: os Anonymous também se escoram com outros grupos como o Lulzsec e o Wikileaks por compartilharem de alguns ideais comuns. Isso faz com que o movimento social global se fortaleça e ganhe característica de rede, o que faz com que a punição ou exclusão de um desses grupos não afeta necessariamente os demais grupos dessa aliança. As estratégias de anonimato também são fortes para driblar eventuais tentativas de repressão por parte do Estado que está sendo criticado.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Alagoas no Festival Internacional da #culturadigital: apoie os projetos



Festival Internacional da Cultura Digital está programado para os dias 02, 03 e 04 de dezembro de 2011 e será realizado na cidade do Rio de Janeiro. Diferente do Fórum da Cultura Digital de 2010 realizada em novembro de 2010 em São Paulo, o festival abriu uma chamada pública para submissão de projetos e atividades até o dia 30 de setembro.
O festival pretende realizar de forma colaborativa a definição das atividades e mapear os projetos, ideias e redes que trabalham na intersecção entre cultura, política e tecnologia pelo mundo. As propostas serão selecionadas por curadores do Festival, mas antes disso os projetos passam por um período de votação do público.
O Blog Cibercultura Alagoana ficou sabendo de dois Projetos do Estado de Alagoas que foram submetidos e divulga aqui os links para que vocês possam votar e apoiar:
Projeto 1: WikiAlagoas: pesquisas culturais em ambiente virtual

Conheça mais sobre o projeto e apoie! Clique aqui
Projeto 2: Òde Ayé Conectado: apropriação social das tecnologias digitais pelo movimento afro-alagoano



Conheça mais sobre o projeto e apoie! Clique aqui.

Além das votações um grupo de profissionais é responsável por avaliar cada projeto recebido, assim como analisar pontos complementares e comuns entre eles, para orquestrar um conjunto final de programação, que contemple as diversas perspectivas da cultura digital.
No que tange a votação, se você quiser ver Alagoas representada no festival não deixe de votar, apoiar e divulgar! No site da votação é possível além de apoiar, curtir o projeto no Facebook.