quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Conceito de amigo na Internet




Hoje, 20 de abril, é considerado o Dia do Amigo. Para contextualizar esta data decidi fazer uma reflexão sobre os amigos na internet. Com tantos sites de redes sociais aí utilizando o conceito de amigo, uma questão surge: que estatuto tem o conceito de amigo na internet? Será o mesmo que ter amigos na vida real?

A questão parece fácil de responder, mas não é. Ao passo que sabemos que todos os "amigos" que adicionamos num Orkut, Facebook, Google+ e o diabo a quatro não são lá tão "amigos de verdade" tanto quanto os quais convivemos e desabafamos e choramos e sorrimos, também acabamos por construir amizades verdadeiras  na rede, conhecendo pessoas com as quais nos sentimos livres para chamá-las de amigos leais e assim começar uma relação duradoura.

Só que, como acredito estarmos passando por uma mudança institucional e valorativa com o advento de uma tal "pós-modernidade" ou, como queiram falar outros, uma "supermodernidade", "modernidade tardia" e assim por diante, vários conceitos tendem a se modificar e ganhar novas características. Com o conceito de amizade não é diferente. Em meio a tantas transformações, torna-se importante pararmos pra pensar quais as novas qualidades do sujeito "amigo" nas nossas vidas. Já percebemos que eles não precisam ser apenas de nossa cidade ou ter estudado conosco. Uma boa conversa no msn pode servir de um consolo tão forte quanto um ombro de um amigo local em momentos difíceis.

Existe um outro lado do conceito de "amigo" e "amizade" nas redes sociais. Tal lado alerta para a banalização do conceito. Basicamente passamos a ter cerca de 300, 500 "amigos" (segundo sites de relacionamento) na internet, quando na verdade, segundo algumas pesquisas, o cérebro só consegue comportar enquanto amigo mesmo cerca de 150 pessoas, sendo 5 o número de amigos considerados “do peito”, 15 fazendo parte do grupo de empatia – aquele cujas pessoas são muito importantes para nós, como colegas de trabalho e amigos de amigos, cuja relação traria muita tristeza caso algumas dessas pessoas morressem. O número típico de amigos (amigos que não são do peito, mas são companheiros) é de 50. Esse número também corresponde ao tamanho médio dos agrupamentos humanos primitivos (como bandos de caça). E o limite, como foi dito, 150. Há também uma preocupação acerca da amizade nas mídias sociais: a da transformação de amigos em ibope. Para uma jornalista (cuja matéria completa se encontra aqui), a necessidade de parecer legal a partir do número de amigos gera uma carência afetiva sobre a qual a quantidade superpõe a qualidade, de maneira que, ao invés de se ter um número fixo de amigos com os quais se pode tratar de assuntos íntimos, o usuário da mídia social busca uma audiência, vendendo a própria imagem como se fosse inclusive alguém diferente da vida real.

Além disso, uma matéria da revista Super Interessante separa tipos de amizade na internet, baseada na reciprocidade e não-reciprocidade:

AMIZADE POS-MODERNA
A internet e as redes sociais se baseiam em dois tipos de relação:

Amizade simétrica
É recíproca: se eu quiser ter você como amigo e acessar o seu perfil, você precisa autorizar o pedido e se tornar meu amigo também. 
Pró: Privacidade. Você decide quem terá acesso às suas informações.
Contra: Reduz a possibilidade de conhecer gente nova.
Exemplos: Facebook / Orkut / Flickr / Linkedin / MSN / Last.fm

Amizade assimétrica
Não é recíproca: eu posso adicionar ou seguir você sem precisar pedir permissão (e posso inclusive fazer isso sem que você saiba).
Pró: Torna muito mais fácil a formação de laços e comunidades. 
Contra: Mais difícil de virar amizade íntima, pois a interação é pública.
Exemplos: Twitter / Buzz / Tumblr / Blip.fm

Em vias de conclusão, vemos que o conceito de amigo sofre algumas mudanças e estamos nos adequando a elas de acordo com o que as mídias sociais permitem. Hoje, já é possível, dentre as centenas de "amigos" adicionados, separar em grupos sobre quais são os amigos que ocupam um espaço especial nas nossas vidas, podendo até restringir as atualizações só para aquele grupo.

A verdade é que está nas nossas mãos e somos livres para definir, no fim das contas, quem são nossos "amigos de verdade", quem merece de fato nossa atenção daqueles demais seres legais ou "audiência", que estão adicionados para outros fins. Essa nova condição da realidade nos faz refletir sobre a amizade que cultivamos e buscar entender os reais valores da amizade. E assim caminha a humanidade! 

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