segunda-feira, 6 de junho de 2011

Ciberativismo

"O ciberativismo, ou ativismo online é definido pelo uso da Internet por movimentos politicamente motivados. Nesse contexto os ativistas se apropriam das vantagens das tecnologias e das técnicas oferecidas pela internet para alcançarem seus objetivos. " 


Neste excerto acima, @ronaldfar esclarece (em seu blog ) o conceito de Ciberativismo. Abaixo, temos alguns vídeos do programa Mod MTV sobre o uso de tecnologias - como a internet - para o exercimento da cidadania.







Essas informações abrem espaço para uma reflexão fundamental: conforme se modificam bases técnicas e tecnológicas e seu consumo popular, modificam-se também os hábitos humanos diante de seus usos. Tais hábitos podem ser compreendidos como fruto do processo de adaptação da vida às novidades que passam a fazer parte do cotidiano. Mas não é só na adaptação aos usos dessas tecnologias que seu consumo se torna possível. O próprio indivíduo, em contato com tais tecnologias - que são, na era da informação, eminentemente flexíveis - adaptam as próprias tecnologias às suas necessidades, ou seja, reestruturam seus usos para determinados fins, até então não pré-estabelecidos.

Em termos políticos, isso significa muita coisa. Desde o desenvolvimento da escrita, tornou-se possível o uso da técnica para manter formas de dominação de uns sobre outros. Aqueles que dotariam de aprendizado para a leitura tinham acesso a fontes de conhecimento se encontravam numa posição privilegiada de mobilidade social em relação aos analfabetos.

Mais recentemente, a televisão se tornou objeto de consumo bem aceito nos seios familiares - e portanto na extensa sociedade - por sua dinamicidade de usar meios imagéticos e sonoros para produzir informação, além das novidades da reprodução das práticas humanas na telinha. Até então, mantinha-se uma estrutura de dominação do poder, visto que o que era consumido pela população era decidido pelo grupo de interesses que variavam desde os donos dos meios de comunicação às recomendações de políticos - o que significa uma manipulação da informação. Esse problema, inclusive, continua atualíssimo. O @fleming_al postou uma matéria sobre políticos e meios de comunicação em seu blog, vale a pena conferir.

A crítica às manipulações dos meios de entretenimento em massa chegou a ser feita por frankfurtianos como Adorno, Horkheimer e Benjamin. Este último, inclusive, via na tomada da produção cinematográfica pelos "manipulados" como uma forma de "dar a volta por cima" sobre essa estrutura de dominações.

Enfim, chegamos à flexibilidade proporcionada pela era da Internet. Diferentemente da comunicação de mão-única que a TV, o cinema e o rádio forneceram, essa nova forma de comunicação (que faz parte do projeto globalizado de expansão capitalista) foi discutida entre prometéicos e  fáusticos - como foi bem apresentado por @chicorudiger em As Teorias da CIbercultura -, em concepções que variavam da internet enquanto libertadora a aprisionadora. Um debate que, no fim das contas, não passam de tipos ideias (a la Weber) para nos fazer refletir que o ser humano, enquanto ser reflexivo, pode adequar essa tecnologia para satisfazer suas necessidades, sem acompanhar necessariamente o processo de mão-única de apropriação do conhecimento encontrado nas formas tecnológicas precedentes. Isso não tira, no entanto, os riscos de manipulação de empresas que se destacam na era informacional. Mas a era atual é muito mais aberta para o uso e compartilhamento de informações contra formas de opressões, seja dessas empresas, seja de sistemas éticos e políticos criticáveis.

Portanto, não podemos negar que estamos num período inédito para a vida política e social com o surgimento do ciberativismo, o ciberespaço, a cibercultura, enfim, a cibervida.

E você, como qual posicionamento tem ao utilizar a internet? Apenas pra consumir ou pra produzir também? Apenas pelo entretenimento ou também pra manifestar?


OBS: Segue um vídeo do @AumentoNaoAL, um movimento organizado através das mídias sociais e levado à prática pra protestar contra o aumento do salários dos deputados alagoanos. Eu, @ronaldfar e @fleming_al estávamos lá.




Um comentário:

  1. Muito bom o texto!
    Andam dizendo que este é o ano do ativismo 2.0, já temos vistos grandes manifestações ao redor do globo, mas ainda temos muito pela frente, principalmente aqui em nosso Estado.
    Abração

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