As transformações na sociedade contemporânea provenientes do estado globalizante e do avanço tecnológico e sede do capitalismo em explorar novos mercados afetam não só as relações humanas de maneira geral, mas também os bens de consumo e as formas de consumo desses bens. As práticas de obtenção são geralmente modeladas a estar de acordo com a satisfação de necessidades e interesses do indivíduo mediante a negociação com o mercado. Dentro disto, os valores sociais engendrados para o consumo podem ou não estar de acordo com o controle do mercado (a ideia inicial é que esteja, mas outras estratégias de consumo do público podem ocorrer). O que é certo dizer, na verdade, é que quaisquer que sejam esses desvios ou formas de controle do consumo de bens, eles ocorrem dentro de um espaço específico de obtenção de acordo com as fronteiras tecnológicas traçadas. Neste caso, tomemos um pouco de reflexão acerca da atual condição de bens de consumo na era digital.
Se antes as relações de produção e consumo se davam mediante e exclusivamente a troca de bens de consumo por outros bens considerados equivalentes ou por uma moeda cujo valor é reconhecido na sociedade das partes negociantes, hoje percebemos uma terceira categorização que distorce essa "regra" de mercado. Acredito que uma análise profunda é a única maneira de dar conta da compreensão desse novo fenômeno, portanto aqui o objetivo é apenas elucidá-lo.
O advento da internet permitiu a criação de uma nova dimensão de socialização e de trocas comerciais. As suas bases explicativas ainda são novas para as ciências sociais como um todo. Só agora se reflete algumas causas e consequências dessa novidade e ainda está para serem criadas teorias regulatórias do mercado na rede - o que não impede a cacofonia de apostas por parte de várias empresas. Além dessas características, a internet permitiu também formas de compartilhamento específicas ao passo que as relações humanas se engrandeciam na teia social on-line propiciada pelos centros de gerência de informação e as mídias sociais. Dessa forma, os computadores - os quais são reconhecidos aqui como terminais de entrada (do mundo para a rede) e saída (da rede para o mundo) de material informático (arquivos de todos os formatos) - se tornaram os pontos principais de inserção de material na rede, e as estruturas das mídias sociais além de sites de hospedagem, as formas de manutenção e compartilhamento de dados on-line. Tais dados, permitidos pelo avanço tecnológico, se codificam em arquivos de música, vídeos, imagens, textos, etc. e são repassados de terminais em terminais como parte de relações sociais que adquirem novas formas (relações anônimas - quando indivíduos sem nenhum nível de familiaridade ou conhecimento entre si compartilham dados direta ou indiretamente; relações nomináveis - quando indivíduos conhecidos de si em algum nível relacional compartilham dados; relações constantes de compartilhamento - quando indivíduos mantêm-se em contato para compartilhar dados). Assim, percebemos que alguns dos bens de consumo - como a música, produto humano ressignificado como mercadoria pelo capitalismo - são trocados sem necessariamente haver um valor de troca equivalente.
São os downloads gratuítos, os downloads ilegais encontrados na rede, etc. Note que o fato de considerar um download ilegal supõe que há uma tentativa de regulamentação do compartilhamento de dados por um determinado Estado (ou um grupo de Estados), no entanto as formas de combate a essa forma de compartilhamento ainda não são maduras o suficiente para superar possíveis valores que podem se tornar direitos de uso da internet (como o direito ao compartilhamento consciente de dados). Seguido da ausência de fiscalização e pressão popular pelo não pagamento de downloads, a realidade atual, pelo menos no Brasil, é de que essa prática de compartilhamento afeta ou pressiona as formas tradicionais de mercado adquiram novas estratégias no mercado on-line. Há artistas, por exemplo, que sentem mais vantajoso o compartilhamento de sua obra gratuitamente com os fãs, em troca de divulgação e de um retorno mais à frente de reconhecimento financeiro de seu produto: seja descontado nos ingressos, seja na produção de materiais físicos.
A verdade é que parece que os artistas se anteciparam nessa forma de mercado (que defendo dever ser considerada) mesmo antes de outras empresas que veem a internet mais como um perigo de lucro para si do que a aceitação da necessidade de modificar suas estratégias de novas formas de obtenção de vantagens.
Os consumidores desses bens de consumo, na era digital, pelo menos atualmente, só têm a ganhar.
A blogosfera de Alagoas cresce em aspectos quantitativos e qualitativos. O número de blogs tem aumentado e abrangido cada vez assuntos mais variados. O número de Blogs inscritos no II Prêmio Alagoano de Blogs é reflexo desse aumento numérico e o depoimento de alguns jurados revelam que nessa edição do prêmio os blogs foram julgados como bem elaborados e mais bem escritos que os da edição passada.
Os encontros de blogueir@s começaram de forma despretensiosa em bares de Maceió, com o tempo os #ebalagoas têm reunido um número cada vez maior de participantes tomando dimensão de evento de porte com palestras e mesas redondas nas quais abordam-se assuntos relacionados às práticas de produção e circulação de conteúdo na web.
Está surgindo entre os blogueiros a necessidade de bater aquele papo de usuário e socializar experiências e práticas de sua atuação como blogueiro e usuário de outras mídias sociais, seja para uso pessoal ou profissional. Você pode até não acreditar, mas blogueir@s não recusam um bom papo e muito menos um bom café (não vou colocar uma lista desses blogueiros aqui porque seria extensa) nada melhor que criar um espaço para isso acontecer. Assim será o Café com Blogs #CafeBlogs.
De acordo com @Tiago_Nogueira e @ronaldfar a proposta é bem simples com modelo bem informal, o foco é socializar e discutir ideias, sem pauta ou agenda. O evento está registrado no Facebook, confirme sua presença, e venha tomar um café com a gente.
Neste sábado, 5 de novembro, foi realizada a primeira edição do Twittindios - o Encontro de Twitteiros de Palmeira dos Índios, com organização de atores sociais locais e participação do pessoal de Maceió, União dos Palmares, Murici, Delmiro Gouveia, Arapiraca e da própria cidade-sede. O evento se tornou marcante, dentre outras coisas, por se realizar na Casa de Graciliano Ramos (que se tornou museu com obras, objetos e cartas do autor). Organizar um evento característico do Encontro de Twitteiros na Casa do mestre Graça simboliza o fato de que, apesar do tempo correr e das tecnologias tornarem novas as relações das pessoas com a literatura (diante de Ebooks, audiobooks, o próprio cinema retratando escritos), a palavra continua sendo prioridade, seja enquanto lida ou enquanto produzida. Reencontrar os amigos Twitteiros também foi outro ponto marcante, além de conhecer novas pessoas. Como costumo escrever nos encontros que começam pela rede e se efetivam seja num movimento social, seja num evento de debates, as teorias fatalistas de que a Internet conduz à solidão caem por água abaixo. Nota-se cada vez mais a necessidade de as pessoas se manterem em contato, e o relacionamento que se inicia on-line só se torna completo quando há encontros práticos. Claro que isso ocorre quando é viabilizado, e os encontros de Twitteiros se interiorizando no estado contribuem muito para isso. Por isso, estou totalmente de acordo com o @lulavilar, quando este disse no Twitter que "este espaço nos leva a debates interessantíssimos pela honestidade intelectual e pelas divergências".
Além de discutir temas que retratam o uso ético-estratégico do usuário do Twitter (@Marques_JM), as mobilizações sociais com enfoques dos movimentos praticados com o auxílio da Internet (@fleming_al), a contrainformação que a mídia horizontalizada permite (@lulavilar) e o poder de disseminação do Twitter e dos blogs (@redepandora), (temas recorrentes nos demais encontros) também foi ressaltado pelo professor @Edmilson_Sa (que eu tive o prazer de conhecer e assistir sua palestra) a importância e a necessidade de uso das TICs em relação à acessibilidade e inclusão social, como softwares e aparelhos de apoio à interação do usuário com a rede. São exemplos como esses que me fazem acreditar que, quanto mais se amplia os espaços de discussão em torno de um tema ou plataforma central (no caso o Twitter), a tendência é discutirmos temas novos e de igual importância dos que estão sendo comumente trabalhados.
Portanto, o #Twittindios conclui-se com resultados positivos e a perseverança de que outras edições ocorrerão, com um número cada vez mais elevado de participantes!
Indico os seguintes links para leitura da repercussão do #Twittindios:
As marchas organizadas na Internet e aplicadas nas vias públicas de várias partes do país são uma das formas mais comuns de ciberativismo. A prática de ir às ruas reivindicar algo, no entanto, já é uma estratégia conhecida ao longo das formações sociais históricas em várias partes do mundo. Mas o que parece haver de diferente e específico aos tempos atuais são necessariamente o tipo de agente participativo, o objetivo e a estratégia de organização, como afirma Robert Brym (et al, 2010) no livro Sociologia: sua bússola para um novo mundo. Através das discussões propostas pelo autor em sua obra, percebemos que esses marcos analíticos, aplicados em diferentes formas de movimentos sociais ao longo de diferentes processos históricos, possuem características específicas que variam de época em época.
Na sociedade contemporânea, conhecida pelos avanços tecnológicos e sobretudo na área de comunicação, os marcos analíticos sugerem que o agente participativo é basicamente uma heterogênea formação de setores populares compostos por variados estratos sociais (do pobre ao intelectual, do estudante ao professor, do desempregado ao empresário). O objetivo dessa nova forma de
movimento social na sociedade global seria basicamente reivindicar a
garantia ou
conquista de direitos ou benefícios mais ampliados e menos restritos a
uma causa determinada (como uma reivindicação do Movimento Sem Terra ou
de políticas afirmativasas afirmativas do Movimento Negro), o que justificaria em certo ponto a heterogeneidade de participantes aderentes a esse novo tipo de manifestação. No entanto, em vias de esclarecimento, essas reivindicações não tendem a substituir os movimentos sociais tradicionais. Apenas a identidade dos novos movimentos sociais é que são específicas no que confere ao grau de durabilidade, muitas vezes dependente da própria velocidade com a qual a informação é consumida na rede. Se por um lado temos uma sociedade que vive, dentre outras formas de captação de informação, na alta velocidade de informações vomitadas a todo momento via internet, por outro, temos uma dinâmica nova de organizações de movimentos sociais, quase que igualmente rápidas no que se refere à durabilidade da manifestação, no entanto ocorrente em várias edições. É o que temos visto em 2011 com tantos protestos indo às ruas a partir de organizações em mídias sociais (o que seria portanto a estratégia de organização dos novos movimentos sociais).
A sensação é que o número de manifestações organizadas na rede este ano é maior do que o número de movimentos sociais em anos anteriores, cuja estratégia de organização social específica ainda não tinha sido perceptível pelos ativistas. Uma outra hipótese de uma variabilidade de agentes componentes de estratos sociais distintos que participam de manifestações práticas organizadas na rede é o fato de tais manifestações serem pontos de encontro entre indivíduos que até então se conheciam apenas via Internet. Assim, a função dessas mobilizações não se limita somente ao ato de reivindicar, mas também ao ato de promover o contato entre aqueles que lutam por uma mesma causa.
É nesse contexto de novos movimentos sociais que as marchas tem se pautado. Marchas sobre diversas reivindicações, as quais são comuns em vários setores da sociedade, são deflagradas em várias cidades. Tais marchas, por conta de sua ocorrência recorrente, já foram questionadas muitas vezes em termos de causa e de efeito, além de serem ridicularizadas por indivíduos que entendem estas manifestações como algo em vão. Ao se estruturar na justificativa de que, na sociedade constitucional e democrática, o verdadeiro efeito se faz mediante o voto dos representantes para o campo político (o que logo depois diriam que é outra coisa sem efeitos, uma vez que o povo brasileiro não se interessa por política), estes críticos das #marchascontra alguma coisa parecem ter conquistado a razão. No entanto esquecem que, uma vez a sociedade brasileira estando cética no campo político (e por isso o desinteresse no tema da política, o que acaba na eleição dos mesmos políticos corruptos de sempre), é preciso fazer algo para mudar nossas estruturas sociais. E é aí que eu defendo a prática das marchas, na medida em que servem, além da reivindicação per si e do local de encontro entre ativistas, como meio educativo e de conscientização política por parte de quem participa. Essa concepção "educacional" das marchas é importante no sentido de que elas trazem para perto da juventude participativa desses movimentos (estudantes ou jovens trabalhadores) e parte da população cética que vai às ruas pra ver no que é que dá, um quê de oportunidade para se discutir direitos e deveres dentro da cidadania que todos os brasileiros têm direito.
Em suma, pode ser que os críticos contra as marchas realmente tenham razão em estas não produzirem um efeito reivindicatório tão grande quanto o uso dos meios legais ou a hora de você deliberar o seu voto. No entanto, as demais funções sociais que as marchas permitem são essenciais para ajudar a ensinar o povo a lidar com a democracia de maneira ideal, e combater esse ceticismo ao passo que temas políticos se tornem assuntos do dia-a-dia.
Uma matéria do site Mídias Sociais me chamou atenção, devido ao título "Governo americano quer usar redes sociais para prever futuro". Segue a matéria na íntegra:
"O governo americano segundo informa o New York Times, está investindo tempo e dinheiro em um novo projeto que utiliza a mineração de dados na internet (data mining) – como pesquisas online e mensagens do Twitter, posts no Facebook e em blogs para prever instabilidades sociais e econômicas.
Uma agência de inteligência americana começou a procurar por ideias, entre cientistas sociais acadêmicos e corporações, sobre maneiras de explorar automaticamente a internet em 21 países latino-americanos para a obtenção desses dados, segundo uma proposta de pesquisa divulgada pela Iarpa.
Os pesquisadores acreditam que os dados coletados através de redes sociais, pela primeira vez, podem revelar as leis sociológicas do comportamento humano, permitindo que eles prevejam crises políticas, revoluções e outras formas de instabilidades sociais e econômicas da mesma maneira que os físicos e químicos podem prever fenômenos naturais.
A experiência terá a duração de três anos e será focada em padrões de comunicação, consumo e movimento de populações. Ele utilizará informações publicamente acessíveis, incluindo consultas de pesquisas online, entradas em blogs, fluxo de tráfego de internet, indicadores de mercados financeiros, tráfego de webcams e mudanças em entradas postadas na Wikipedia."
Eu, como estudante concluinte do Curso de Ciências Sociais, fiquei surpreso tamanha a ousadia do governo americano em captar leis sociológicas gerais que determinem o comportamento humano. Mas essa ambição não é novidade no histórico acadêmico de nossa ciência. Cada um a seu modo, vários cientistas sociais considerados clássicos que levaram consigo a proposta de entender a vida social como um todo buscaram realizar tal façanha mediante a aplicação de sistemas teóricos que tinham como premissa básicas a possibilidade de prever ou apontar ações que justificassem grandes problemas ou fenômenos da sociedade "geral". Autores como Marx, Weber, Tarde, Parsons e Durkheim, só para citar os mais conhecidos, faziam a seu modo uma sociologia ambiciosa. Destaque para Durkheim, que reconhecia na sociedade um corpo diferente do indivíduo ao passo que lhe conferia caráter regulador de ações mediante o constrangimento que estava além da ação humana. Segundo o autor, seria possível estabelecer leis sociológicas a partir do estudo de fatos sociais correspondentes a uma dada sociedade, e pensar o comportamento humano (como atitudes extremas como o suicídio) a partir dessas leis, excluindo, dessa forma, que houvessem algumas ações em detrimento de outras, mais recorrentes.
Verdade seja dita, muito do que se produziu na academia tem questionado e até ido contra essa ambição de compreender fundamentos que determinem o comportamento humano de tal forma que seja capaz de se chegar a previsões. Isso faz com que o comportamento humano seja cada vez mais complexificado, desmitificando simplificações que eram fomentadas na teoria social do séc. XIX. No entanto, uma vez a ciência tendo subdivisões dentro dela mesma (considerando que cada comunidade acadêmica distribuída ao longo de todos os continentes apresenta suas próprias características e objetivos específicos de compreensão da realidade), é possível que vez ou outra surjam notícias como esta. A questão, portanto, é pensar a possibilidade de previsão do comportamento social desses estudos nos EUA considerando as organizações das redes sociais na internet.
Eu sou particularmente cético o suficiente para não acreditar na façanha desses estudiosos. Mas a tentativa deles não é insensata, considerando a nossa sociedade confessional consolidada (onde a internet é utilizada, entre outras coisas, para se dizer alguma coisa a alguém, o que facilitaria no rastreamento de desejos e de avisos prévios de práticas) e os interesses políticos por trás da encomenda da pesquisa (considerando as forças de movimentos sociais organizados na Internet, o governo e empresas privadas danificadas por ataques hacker estariam buscando formas de conter ou se prepararem para tais atos). Se for possível esse grupo atingir essa ambição, então uma nova era de façanhas surge para a sociologia, como é comum que se ocorra para uma ciência que sempre tenta se superar. A nós resta esperar, mas reitero, há muitos questionamentos críticos que virão no caso de um possível sucesso de pesquisas como esta, no objetivo de desestruturar sua linha sistemática de teoria.
"Imperativo da visibilidade" é um conceito tecido por uma autora chamada Paula Sibilia, que significa a necessidade da sociedade atual da exposição pessoal. De caráter individualista, põe a condição de que é preciso ser "visto" para existir no ciberespaço.
Para Recuero, no livro "Redes Sociais" (2009), Talvez, mais do que visto, essa visibilidade seja um imperativo para a sociabilidade mediada por computador.
O que parece significar essas conclusões das autoras que estudam algumas das atuais dinâmicas da comunicação mediada por computador? Não estaríamos vivendo atualmente numa Ditadura da Visibilidade?
Num post anterior, apresentei a crítica de Bauman (transcrevendo trechos do livro "44 Cartas do Mundo Líquido Moderno") para com o Twitter (não só para o site do passarinho, mas as mídias sociais em geral). O autor chama a atenção de que a indução do site em perguntar ao usuário "O que está acontecendo?" produziria uma cacofonia de sons cujo conteúdo não era mais importante do que o fato de se dizer algo. Esse é um aspecto do incentivo à visibilidade proporcionado pelas mídias sociais. No Facebook, por exemplo, cada vez mais você é incentivado a dizer mais sobre você do que em qualquer outro lugar. As atualizações do site indicam que será legal se você mostrar o seu dia a dia com fotos, frases e vídeos.
Afinal, diante do que as mídias colocam para nós seguirmos, essa aparente "Ditadura da Visibilidade", quais os impactos disso em nossas práticas sociais? Será que estas não estariam modificando de acordo com nossa vivência e forma de dedicação à rede? Diante da enxurrada de tentações para dizermos ao mundo sobre o que gostamos, pensamos e fazemos, será que isso não contribui essencialmente para nos tornarmos cada vez mais individualistas?
A compreensão das relações socais provenientes na Internet ainda estão longe de serem esgotadas, no entanto já há discursos como o de que na rede, as relações são de produtores e consumidores de informação, e numa estrutura como a mídia social Twitter, essa relação se torna mais evidente: se usuário X não me interessa em nada, então não faz sentido eu segui-lo. É de fato uma escolha somente MINHA mantê-lo ou excluí-lo, mas a estrutura do site e sua dinâmica de funcionamento me INCENTIVA a querer filtrar usuários, pois a timeline corre o tempo todo com atualizações de todos que eu sigo, e eu não gostaria de ter inundações de atualizações de perfis que não são importantes para os meus objetivos de participar daquela mídia social.
Talvez não importe se usuário X na vida real é meu parente ou meu amigo. O que fará eu segui-lo será outros critérios. Isso parece romper com uma relação de fidelidade tradicional, onde o ser importava-nos mais por seu caráter e por sua amizade do que pelo que este poderia oferecer a mim. É óbvio pensar que as relações em rede não são exatamente como as relações na vida prática, mas não podemos pensar que o virtual é o falso enquanto que a vida prática seja a vida real. O virtual é tão real quanto o prático, apenas muda sua dimensão para um espaço onde podemos projetar - ou nós mesmos, ou outros. É por isso que me interessa compreender o quanto o uso da internet pode mudar ou já tem mudado nossas relações interpessoais na vida prática. É uma preocupação não só de interesse acadêmico, mas também uma angústia de interesse humano.
A cultura digital é vista pelo Ministério da Cultura (MinC) como fenômeno incontornável e pode ser percebida na promoção de diversidade, transformação social e desenvolvimento, tendo em vista a percepção da dimensão que as redes e tecnologias digitais adquiriram na sociedade contemporânea. Nesse contexto o uso intensivo das tecnologias de informação e comunicação, em especial da internet, oferece novos contextos para a produção, uso e compartilhamento de informações, novos cenários para a educação bem como novos contornos à capacidade de mobilização política dos grupos na sociedade da informação. Nesta quarta-feira, dia 19 de outubro de 2011 a mesa redonda: “Informação, Tecnologia e ambientes colaborativos”(15h – 17h) e as comunicações orais de trabalhos (19h – 21h20) se colocam como espaço para reflexão e debate sobre as implicações dessa cutura digital em nosso cotidiano.
A atividade acontece no Instituto de Ciência Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA) e faz parte da programação da Jornada de Biblioteconomia durante a semana do Congresso Acadêmico da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman tem indagado e tecido algumas reflexões em torno das consequências dos aspectos e peculiaridades que caracterizam a época contemporânea - batizada por ele de modernidade líquida. Dentro dessa perspectiva, tem elaborado diversos livros falando o que pensa em vários âmbitos da vida social: o amor líquido, a política deslocada, a sociedade individualizada, a vida na sociedade de consumidores, o capitalismo parasitário, as consequências humanas da globalização, o medo líquido, o mal-estar da pós-modernidade, etc. Ainda pretendo escrever um post sobre as relações entre a sociedade pós-moderna e as tecnologias. Por hora, centrarei o post de hoje numa das cartas de Bauman que foram lançadas em compilação no livro "44 Cartas do Mundo Líquido Moderno" (detalhe da imagem). Tal carta tem como título "Como Fazem os Pássaros" e discorre sobre a impressão de Bauman a respeito do Twitter, uma das mídias sociais que mais crescem no mundo. O autor, no entanto, sugere que o uso da mídia tal qual a forma que é propagandeada pelos seus fundadores tende a produzir uma cacofonia de gorjeares (tweeters) cujo conteúdo não é tão importante quanto o fato de dizer a alguma coisa. Separei alguns trechos desta carta:
"Por cortesia da administração do Twitter, nossa notória mas envergonhada reticência e falta de jeito para relatar os motivos e objetivos de nossos atos - e os sentimentos que os acompanham - deixaram de ser uma desvantagem e subiram ao pódio das virtudes. O que nós e todos os nossos iguais somos levados a compreender é saber e contar aos demais o que estamos fazendo - neste momento ou em qualquer outro; o que importa é ser visto. Não tem importância alguma saber por que fazemos tal coisa, o que estamos pensando, desejando, sonhando, o que nos alegra ou entristece quando a fazemos, ou mesmo outras razões que nos inspiraram a usar o Twitter, além de manifestar nossa presença."
Para Bauman, o que as pessoas são incentivadas a falar no site (através do "O que está acontecendo?") é produzir muitas palavras sem se preocupar necessariamente com a relevância do conteúdo, ao passo que exacerba o narcisismo e reduz os rituais de comunicação diante das conversas anacrônicas.
"O contato face a face é substituído pelo contato tela a tela dos monitores; as superfícies é que entram em contato. (...) O que se perde é a intimidade, a profundidade e durabilidade da relação e dos laços humanos".
Twitter: falar por falar é um imperativo do site. Usuários precisam ir além.
Na modernidade líquida, uma das características fundamentais é a fluidez das interações - fato que Bauman lamenta. Cada vez mais a intimidade, a profundidade e a durabilidade das relações humanas são pautadas pelas tecnologias que se tornam sucesso entre a sociedade, como se a cada adesão do indivíduo à rede e seu uso estrito de acordo com o que é estabelecido pela mídia tende a significar o início ao processo de abandono de relações aproximadas, duradouras e constantes. Por fim, o autor não esquece que permanecemos dentro da sociedade capitalista, cuja regra parece se manter: "lucros privatizados, perdas socializadas".
"Sejamos realistas: os impactos das novas tecnologias de comunicação são como os feitos da economia liderada pelos bancos, em que os ganhos tendem a ser privatizados, e as perdas socializadas. Em ambos os casos, 'os danos colaterais' tendem a ser desproporcionalmente maiores, mais profundos e insidiosos que os eventos e raros benefícios".
A visão de Zygmunt Bauman diante da modernidade líquida - e tudo o que faz parte dela (a globalização, o consumismo, a rapidez da tecnologia e os (des)caminhos da ciência) - sugere que a priori, o Twitter e as demais mídias sociais têm um impacto negativo na vida humana. O que talvez pode ser feito para utilizar as mídias sociais sem sermos submetidos à ela só para o lucro, acredito eu, é dotar de uma reflexividade até então inédita na sociedade moderna capaz de trazer ao indivíduo a tomada do poder da informação, sendo ele, e não a empresa, quem dita e domina os caminhos de si mesmo a partir de seu uso na rede. Tal necessidade de reflexividade parece ser um consenso em outros pensadores contemporâneos como Pierre Lévy e Anthony Giddens.
E você, o que acha?
BAUMAN, Zygmunt. 44 cartas do mundo líquido-moderno. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
Se você vive na rede com uma frequência diária, em algum momento já se deparou ou se deparará com alguma informação sobre o Anonymous, um grupo considerado terrorista por governos como os dos EUA. Alguns ataques hacker para com empresas tem sido a justificativa para classificar este grupo como tal, mas talvez simplificar os fins pelos meios seja uma forma de anular uma força muito maior que está por dentro das propostas do grupo - uma força que parece ganhar apoio em vários lugares do mundo. Hoje no Brasil já é possível perceber a adesão de manifestantes nas ruas com apetrechos dos Anonymous - como a frase em cartazes "Nós somos Anonymous. Somos uma legião. Nós não perdoamos. Nós não nos esquecemos. Nos aguarde." ou mesmo uma máscara referente a Guy Fawkes, que ficou conhecida na sociedade moderna através da novela gráfica de Alan Moore e David Lloyd, V de Vingança (ou V for Vendetta) no final dos anos 80. A ideologia comum entre a história de vida de Fawkes, o personagem V e os atuais anônimos é a persistência e resistência contra um sistema opressor. No caso, os Anonymous lutam (além de outros objetivos mais locais) contra os males do sistema capitalista acreditando ser o desmoronamento desse sistema mediante a adesão e mobilização popular a solução contra as formas de opressão e corrupção permitidas por ele. Aparenta ser uma forma de anarquismo. Abaixo segue um vídeo criado por integrantes dos Anonymous para explicar a lógica e o pensamento do grupo.
A grande característica dos Anonymous, que parecem inaugurar ou pelo menos por em evidência um movimento social global, é a capacidade de se articular em várias partes do mundo, contando com representantes em vários países de ordem capitalista (ou seja, a grande maioria), cujos representantes participam do movimento por aproximação ideológica ao invés de objetivos de lucro.Ou seja, é uma adesão voluntária, baseada no compartilhamento de ideias e interesses comuns. Outra característica é que, para preservar a segurança entre si, os Anonymous acautelam-se em não manter contato pessoal, se utilizando da rede para articular ações e divulgar manifestações em todo o mundo. Por fim, a característica final do Anonymous é sua flexibilidade de organização. O grupo não se compreende sequer por grupo, mas como uma ideia que precisa ser colocada em prática. Os anonymous aparentemente não têm líderes (ou não querem levar a acreditar que têm), pois são contra hierarquias. Por fim, pregam pela organização popular contra as mazelas do capitalismo onde quer que o povo esteja. Abaixo temos um exemplo de como o movimento Anonymous tem se fortalecido no Brasil. Um vídeo dos Detonautas no Rock In Rio no dia 02 de outubro, cujo vocalista usa uma máscara de Guy Fawkes e critica a corrupção e impunidade (forte simbolização ao Anonymous e V for Vendetta), é um exemplo de que os Anonymous no Brasil estão plantando raízes:
A existência de grupos como o Anonymous mostra que o ideal de uma sociedade anticapitalista e com fundos socialistas ainda se mantém apesar da simbólica derrocada do sistema socialista com a queda do Muro de Berlim, no final dos anos 80. A globalização, uma realidade mundial do avanço do capitalismo, está sendo usada agora como ferramenta de uma resistência mundial que mantém uma ideologia contra o sistema por esse grupo.
Para vias de reflexão, percebemos que as características principais do Anonymous podem ser pensadas como uma confluência das teorias gerais do movimento social atual. Discorrerei em outros momentos acerca dessa teorização, que se encontra escorada nas explicações de Alberto Melucci e Ilse Scherer-Warren. Por hora uma coisa é certa e que pode ser adiantada: os Anonymous também se escoram com outros grupos como o Lulzsec e o Wikileaks por compartilharem de alguns ideais comuns. Isso faz com que o movimento social global se fortaleça e ganhe característica de rede, o que faz com que a punição ou exclusão de um desses grupos não afeta necessariamente os demais grupos dessa aliança. As estratégias de anonimato também são fortes para driblar eventuais tentativas de repressão por parte do Estado que está sendo criticado.
O Festival Internacional da Cultura Digital está programado para os dias 02, 03 e 04 de dezembro de 2011 e será realizado na cidade do Rio de Janeiro. Diferente do Fórum da Cultura Digital de 2010 realizada em novembro de 2010 em São Paulo, o festival abriu uma chamada pública para submissão de projetos e atividades até o dia 30 de setembro.
O festival pretende realizar de forma colaborativa a definição das atividades e mapear os projetos, ideias e redes que trabalham na intersecção entre cultura, política e tecnologia pelo mundo. As propostas serão selecionadas por curadores do Festival, mas antes disso os projetos passam por um período de votação do público.
O Blog Cibercultura Alagoana ficou sabendo de dois Projetos do Estado de Alagoas que foram submetidos e divulga aqui os links para que vocês possam votar e apoiar:
Projeto 1: WikiAlagoas: pesquisas culturais em ambiente virtual
Projeto 2: Òde Ayé Conectado: apropriação social das tecnologias digitais pelo movimento afro-alagoano
Conheça mais sobre o projeto e apoie! Clique aqui.
Além das votações um grupo de profissionais é responsável por avaliar cada projeto recebido, assim como analisar pontos complementares e comuns entre eles, para orquestrar um conjunto final de programação, que contemple as diversas perspectivas da cultura digital.
No que tange a votação, se você quiser ver Alagoas representada no festival não deixe de votar, apoiar e divulgar! No site da votação é possível além de apoiar, curtir o projeto no Facebook.
Em 2005, Steve Jobs, CEO da Pixar e Apple (que recentemente se afastou suas atividades diretas na empresa), preparou um discurso para formandos de Stanford. Trata-se de algumas histórias por qual o milionário passou e algumas lições de vida. Segue o discurso em vídeo e transcrito na íntegra.
"Verdade seja dita, eu nunca me formei na faculdade. Isso é o mais perto que já estive de uma graduação de faculdade. Hoje eu quero lhes contar três histórias da minha vida. Só isso. Nada de mais. Apenas três histórias.
A primeira história é sobre ligar os pontos.
Eu larguei a Faculdade Reed depois dos primeiros 6 meses, mas então continuei ao redor por mais 18 meses ou mais antes de realmente largar. Mas por que eu larguei? Começou antes de eu ter nascido. Minha mãe biológica era uma jovem, não-casada estudante de graduação de faculdade, e ela decidiu me colocar para adoção. Ela sentia muito fortemente que eu deveria ser adotado por pessoas formadas, então tudo estava preparado para eu ser adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Exceto que quando eu apareci eles decidiram no último minuto que eles queriam mesmo uma menina. Então meus pais, que estava numa lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite perguntando: “Temos um menino bebê inesperado; vocês o querem?” Eles disseram: “Claro.” Minha mãe biológica descobriu mais tarde que minha mãe nunca se formou na faculdade e que meu pai nunca se graduou do colégio. Ela se recusou a assinar os papéis finais de adoção. Ela apenas cedeu alguns meses depois quando meus pais prometeram que um dia eu iria para a faculdade.
E 17 anos depois eu fui pra faculdade. Mas eu ingenuamente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford, e toda a poupança dos meus pais de classe média estava sendo gasto na minha faculdade. Depois de seis meses, eu não conseguia ver o valor nisso. Eu não tinha idéia do que queria fazer da minha vida e nenhuma idéia de como a faculdade iria me ajudar a descobrir. E aqui estava eu gastando todo o dinheiro que meus pais economizaram suas vidas inteiras. Então decidi largar e confiar que tudo daria certo. Foi bem assustador na época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. A partir do momento em que larguei eu pude parar de assistir às aulas obrigatórias que não me interessavam, e começar a assistir às que me interessavam.
Não foi tudo tão romântico. Eu não tinha um dormitório, então eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu devolvia garrafas de Coca-cola por 5 centavos para comprar comida e eu andava uns 10km pela cidade todo Domingo à noite para ter uma boa refeição por semana no templo Hare Krishna. Eu adorava isso. E muito do que eu esbarrei em seguir minha curiosidade e intuição acabou se tornando de grande valor mais tarde. Me deixem dar um exemplo:
A Faculdade Reed, naquela época, oferecia talvez a melhor instrução de caligrafia do país. Por todo o campus cada pôster, cada etiqueta em cada armário, era maravilhosamente caligrafada à mão. Por causa de eu ter largado e não precisar mais ver as aulas normais, decidi ter aulas de caligrafia para aprender como fazer aquilo. Aprendi sobre tipos de serifa e sans serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que fazia a grande tipografia grande. Era maravilhoso, histórico, artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não consegue capturar, e eu achava fascinante.
Nada disso tinha nem uma esperança de aplicação prática na minha vida. Mas dez anos mais tarde, quando estávamos desenvolvendo o primeiro computador Macintosh, tudo isso voltou para mim. E nós desenhamos tudo isso no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia maravilhosa. Se eu nunca tivesse entrado naquela único curso na faculdade, o Mac não teria múltiplos tipos ou fontes proporcionalmente espaçadas. E como o Windows apenas copia do mac, é possível que nenhum computador pessoal tivesse. Se eu nunca tivesse largado, nunca teria entrado naquela aula de caligrafia, e computadores pessoais poderiam não ter a maravilhosa tipografia que têm. Claro, era impossível ligar os pontos olhando para frente quando estava na faculdade. Mas estava muito, muito claro olhando dez anos para trás depois.
Novamente, você não pode ligar os pontos olhando para a frente; você apenas pode ligá-los olhando para trás. Então você tem que confiar que os pontos vão, de alguma forma, se ligar no seu futuro. Você tem que confiar em alguma coisa – sua força, destino, vida, carma, qualquer coisa. Isso nunca me deixou na mão, e tem feito toda a diferença na minha vida.
Minha segunda história é sobre amor e perda.
Eu tive sorte – encontrei o que amava cedo na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro, e em 10 anos a Apple cresceu de apenas nós dois em uma garagem para uma empresa de US$ 2 bilhões com mais de 4 mil funcionários. Tínhamos acabado de lançar nossa melhor criação – o Macintosh – um ano antes, e eu tinha acabado de fazer 30 anos. E então eu fui demitido. Como você pode ser demitido da empresa que começou? Bem, quando a Apple cresceu contratamos alguém que eu pensava que era muito talentoso para tocar a empresa para mim, e pelo primeiro ano e pouco as coisas iam bem. Mas então nossas visões de futuro começaram a divergir e eventualmente tivemos uma briga. Daí, nossa junta diretora se junto a ele. Então, aos 30, eu estava fora. E bem publicamente fora. O que tinha sido o foco da minha vida adulta inteira tinha ido embora, e isso foi devastador.
Eu realmente não sabia o que fazer por alguns meses. Eu sentia que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores – que eu soltei o bastão enquanto estava sendo passado para mim. Eu me encontrei com David Packard e Bob Noyce e tentei me desculpar por cagar tão feio. Foi um fracasso muito público, e eu até pensei em ir embora do Vale. Mas alguma coisa começou a crescer em mim – eu ainda amava o que fiz. O andar da carruagem não mudou nem um milímetro na Apple. Eu tinha sido rejeitado, mas eu ainda estava apaixonado. Então decidi começar de novo.
Eu não enxerguei naquela época, mas o fato é que ter sido demitido da Apple foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser um novato novamente, menos certo sobre tudo. Me liberou para entrar em um dos períodos mais criativos da minha vida.
Durante os cinco anos seguintes, eu comecei uma empresa chamada NeXT, outra empresa chamada Pixar, e me apaixonei por uma mulher incrível que se tornaria minha esposa. Pixar acabou criando o primeiro filme de longa metragem animado por computador, Toy Story, e é agora um dos mais bem sucedidos estúdios de animação do mundo. Em uma incrível virada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu retornei à Apple, e a tecnologia que desenvolvemos na NeXT está no coração do renascimento atual da Apple. E Laurene e eu temos uma maravilhosa família juntos.
Tenho muita certeza que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple. Foi um remédio terrivelmente amargo, mas acho que o paciente precisava disso. Algumas vezes a vida bate na sua cabeça com um tijolo. Mas não perca fé. Você tem que achar o que ama. E isso é verdade tanto para sua vida profissional quanto amorosa. Seu trabalho vai preencher uma grande parte da sua vida, e a única maneira de se sentir verdadeiramente satisfeito é fazendo o que acredita ser um grande trabalho. E a única maneira de fazer um grande trabalho é amando o que você faz. Se ainda não encontrou, continue procurando. Não pare. Como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrá-lo. E, como qualquer grande relacionamento, vai apenas se tornando melhor e melhor à medida que os anos passarem. Então continue procurando até encontrá-lo. Não pare.
Minha terceira história é sobre morte.
Quanto eu tinha 17 anos, li uma frase que era mais ou menos assim: “Se você viver cada dia como se fosse seu último, algum dia você certamente estará certo.” Deixou uma impressão em mim, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olhava no espelho toda manhã e me perguntava: “se hoje fosse o último dia da minha vida, eu gostaria de fazer o que estou para fazer hoje?” E sempre que a resposta era “Não” por muitos dias seguidos, eu sabia que tinha que mudar alguma coisa.
Lembrar que eu estarei morto logo é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões na vida. Porque quase tudo – todas as expectativas externas, todo o orgulho, todo medo de embaraçamento ou fracasso – essas coisas simplesmente padecem em face da morte, deixando apenas o que é verdadeiramente importante. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço de evitar as armadilhas de pensar que você tem algo a perder. Você já está nú. Não há razão para não seguir seu coração.
Mais ou menos um anos atrás, eu fui diagnosticado com câncer. Eu tinha um scan à 7:30 da manhã, e ele claramente mostrou um tumor no meu pâncreas. Eu nem mesmo sabia para que servia um pâncreas. Os médicos me disseram que era quase certo ser um tipo de câncer que é incurável, e que eu deveria esperar viver não mais do que três a seis meses. Meu médico me aconselhou a ir para casa e deixar as coisas em ordem, que é um código de médico para “prepare-se para morrer”. Significa tentar dizer a seus filhos tudo que pensou que teria os próximos 10 anos para explicar, em apenas alguns meses. Significa ter certeza que tudo está abotoado para tornar as coisas o mais fácil possível para sua família. Significa dizer seus adeus.
Eu vivi com esse diagnóstico o dia todo. No fim do dia eu fiz uma biópsia, onde eles enfiam um endoscópio pela garganta, através do meu estômago até meu intestino, colocam uma agulha no meu pâncreas e tiram algumas células do meu tumor. Eu estava sedado, mas minha esposa, que estava lá, me disse que quando eles viram as células sob um microscópio os médicos começaram a chorar porque acabou sendo uma forma muito rara de câncer pancreático que é curável com cirurgia. Eu fiz a cirurgia e estou bem agora.
Isso foi o mais próximo que cheguei de encarar a morte, e espero que tenha sido o mais próximo por mais algumas décadas. Tendo vivido por isso, eu posso dizer isso a vocês agora com um pouco mais de certeza do que quando a morte era útil mas puramente um conceito intelectual:
Ninguém quer morrer. Mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá. E mesmo assim a morte é um destino que todos compartilhamos. Ninguém nunca escapou dele. E é assim mesmo que tem que ser, porque a Morte é provavelmente a melhor invenção da Vida. É o agente de mudança da Vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Agora mesmo o novo são vocês, mas algum dia, não muito longe de agora, vocês gradualmente se tornarão o antigo e serão limpados fora. Desculpe ser tão dramático, mas é bem verdade.
Seu tempo é limitado, então não o desperdicem vivendo a vida dos outros. Não sejam amarrados por dogma – que é viver com os resultados dos pensamentos de outras pessoas. Não deixe o barulho da opinião dos outros afogar sua própria voz interior. E mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e intuição. De alguma forma eles já sabem o que você verdadeiramente quer se tornar. Todo o resto é secundário.
Quando eu era jovem, havia uma publicação incrível chamada O Catálogo do Mundo Inteiro, que foi uma das bíblias da minha geração. Foi criado por um colega chamado Stewart Brand, não muito longe daqui, em Menlo Park, e ele trouxe isso à vida com seu toque poético. Isso foi no fim dos anos 60, antes dos computadores pessoais e ferramentas de editoração, então foi tudo feito com máquina de escrever, tesoura e câmeras polaroid. Era algo com o Google em formato de papel, 35 anos antes do Google nascer: era idealista, e transbordando de ferramentas legais e grandes noções.
Stewart e sua equipe lançaram várias edições do Catálogo do Mundo Inteiro, e então, quando chegou ao fim do seu curso, eles lançaram uma edição final. Era no meio dos anos 70, e eu tinha a idade de vocês. Na capa de trás da edição final havia uma fotografia de uma rua de campo de manhã cedo, do tipo onde vocês se encontraria pedindo carona se forem aventureiros. Embaixo estavam as palavras: “Mantenham-se com Fome. Mantenham-se Tolos.” Foi a mensagem de despedida deles quando estavam se desligando. Mantenham-se com Fome. Mantenham-se Tolos. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, como vocês estão se graduando para começar o novo, eu desejo isso para vocês.
#ebalagoas é um dos assuntos mais comentados em Maceió na manhã desta quinta-feira
Mais uma vez o encontro de blogueiros alagoanos se realizou com uma presença massiva de grandes figuras da blogosfera. Desta vez, aproveitando o dia internacional do blog, foram tratadas as temáticas sobre a blogosfera e as dimensões da prática ciberativista e sobre a rentabilidade de blogs. Participaram como palestrantes eu, @ronaldfar, @Marques_JM, @JoaoKepler, @Tiago_Nogueira e @lulavilar. Não pude ficar até o final, mas vocês podem acompanhar as impressões do evento no blog do @joao_a_ferro.
A participação recorrente de blogueiros e a adesão de novos participantes indicam que o espaço dos encontros práticos da blogosfera está consolidado e portanto, resta a todos que fazem os blogs alagoanos manterem esse contato no sentido de manter, tal qual as edições anteriores, o sucesso que o #EBAlagoas tem proporcionado.
Hoje, 31 de agosto, é mais um dia de Encontro de Blogueiros de Alagoas (#Ebalagoas), que entra em sua quinta edição. A data do evento coincide com a data em que é comemorado o Dia Internacional do Blog (#blogday).
Nesta edição, teremos a seguinte programação:
19h – Abertura e boas vindas
19h15 Mesa redonda 1: “Blogosfera e as dimensões da prática ciberativista” com apresentação de@ronadfar, @NoGomes e @Marques_JM (cada apresentador terá 10 minutos para explanação sobre o tema e em seguida será aberto ao debate)
20h Mesa redonda 2: “Rentabilidade em blogs: É possível ganhar dinheiro blogando?” Com apresentações de @JoaoKepler, @Cleitonmixx e @Tiago_Nogueira. (cada apresentador terá 20 minutos para explanação sobre o tema e em seguida será aberto ao debate). Essa mesa terá como mediador o @Lulavilar ).
21:20h – Abertura oficial das votações do II Prêmio Alagoano de Blogs que conta com Apoio da @Id5web. Será mostrado o processo de votação com orientações de @Eekdcat.
22h – Encerramento.
O evento dessa vez ocorrerá na Faculdade de Administração e Negócios (FAN) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), na rua Barão de Jaraguá, n. 254 em Maceió.
Você já contou quantas mídias sociais faz ou já fez parte?
Você já se pegou refletindo sobre o uso que você faz para cada uma delas?
Em geral, acredito termos mais de uma mídia social por necessidades específicas caracterizadas por cada uma que elas nos proporciona. Dentre toda a diversidade de formas de acesso, existem mídias mais parecidas umas com as outras, o que sugerem claramente a existência de uma competição em busca da conquista do usuário. Mas nem assim, tendo aparentes vencedores e perdedores, é possível confirmar que o usuário sepultará uma mídia social em detrimento de outras. Essa afirmativa se segue à análise de minha própria participação em mídias sociais na Internet. Fiz uma contagem de quantas mídias participo, e o resultado me surpreende, por imaginar que apenas me utilizaria de umas 6 delas no total. O Windows Live Messenger, o Skype, o Gtalk, as janelas de conversação do Facebook e o Yahoo Messenger cumprem praticamente as mesmas funções, o que me faria questionar o porquê de não centralizar esses centros de conversações ao invés de mantê-los dispersos. Imediatamente recupero a razão emergindo na necessidade de cada uma dessas mídias semelhantes, pois onde não é possível encontrar uma pessoa dentro de uma determinada mídia, ela pode estar frequentando uma outra que eu também esteja fazendo parte. Se pensarmos o ciberespaço como uma cidade, entenderemos cada mídia social como uma rua ou bairro específico. Muitas vezes encontrarei as mesmas pessoas em todos os locais, mas o que me faz querer "andar" para o distante é justamente a tentativa de encontrar disponível para conversa aqueles que são raros, aqueles mais retraídos ou que só andam em seu próprio bairro. Aqueles que utilizam, no máximo, ou uma ou duas dessas mídias sociais citadas.
As mídias sociais mais tradicionais (se é que já se pode dizer isso), ou seja, as mais comuns em que as pessoas costumam acessar geralmente concorrem entre si em busca da participação e dedicação do usuário em torno de seu site. O Orkut é massivamente conhecido e bem recebido no Brasil, o Facebook tem uma larga fama fora do país (mas está cada vez mais conseguindo novos usuários em terras tupiniquins) e o Google+ é uma jogada da Google para combater esse crescimento do Facebook e obter sucesso com sua própria mídia social, além de patrocinar o Orkut. Todas essas três (deve-se deixar claro o fato de que existem outras, mas só estou citando as que conheço por fazer parte ativamente) possuem o mesmo sistema de conversação e compartilhamento, o que pode ser redundante às vezes ao usuário. No entanto, diante do embate entre as empresas concorrentes, novos serviços são lançados eventualmente de maneira a pregar o usuário em suas redes e deixar de lado as outras como uma batalha ferrenha de ofertas de serviços. A nós, que apenas assistimos tal digladiamento construtivo, nos resta aproveitar e consumir o que vem de interessante. Por isso é importante fazer parte de mais de uma dessas mídias, até o dia em que uma anunciar sua redenção à outra.
Se eu balizei mídias sociais em tradicionais, é porque há um outro tipo de mídias sociais, com características específicas que me fazem classificá-las como mídias sociais inovadoras. Tal como as demais formas de mídias sociais, existem várias que surgem e se enterram meteoricamente baseado no interesse repentino e de curto prazo dos usuários, mas existem também aquelas que apresentam certa funcionalidade para cada tipo de necessidade buscada pelo usuário. O Formspring.me, por exemplo, é um serviço independente - contudo integrado - ao Twitter e serve como um site de rede social voltado para um sistema de perguntas e respostas baseado na produção de questionários. Trata-se, portanto, de um local específico de conversas para quem quer saber ou aprender algo com alguém e matar sua curiosidade. Para usuários comuns, provavelmente seria uma forma de alavancamento do narcisismo, tão comum já em várias mídias sociais. Acredito que o Formspring.me está sendo cada vez mais enterrado pelos usuários comuns da rede por talvez ter se tornado um local de aborrecimento do que interação, dada a ausência de interesse dos próprios usuários em perguntar-se uns aos outros. Por outro lado, no entanto, trata-se de um mecanismo importante de conversação entre empresas e clientes e blogueiros e leitores.
Outro site integrado ao Twitter é o Foursquare, site de rastreamento da posição do indivíduo que participa dessa mídia social. Provavelmente o interesse nisso por parte do usuário está entre descobrir quais das pessoas que você tem adicionado ao site está no mesmo lugar que você ou mesmo você mostrar por onde anda geralmente (uma forma de exposição de seu capital social ou cultural baseado nas suas andanças registradas). O Foursquare também possui um sistema de recompensas onde o número de check-ins de diversidade de espaços visitados produz ao usuário do site um determinado status.
Por fim, o Twitter é uma mídia/microblog voltada para a manifestação em tempo real de ideias, sentimentos e informações por parte dos usuários que dele fazem parte. Tendo um sistema de interação entre seguidores e seguidos, é uma mídia social que, apesar de uma estrutura simples se comparado às mídias sociais "tradicionais" que possuem o mesmo sistema de steaming em tempo real, angariou vários fãs e se tornou uma das principais fontes de informação e entretenimento no mundo, de maneira que várias outras mídias tentam se integrar a essa mídia social de divulgações.
Mídias com funcionalidades voltadas a menor conversação mas a uma maior centralidade no compartilhamento, como é o caso das mídias sociais "culturais", como é o caso do Youtube, Last.FM e MySpace cumprem papeis específicos entre si. Um une universalmente o compartilhamento de vídeos, o que enfraquece outros sites com a mesma proposta. Outro oferece (oferecia até um tempo atrás com gratuidade) um sistema de rádios on-line programada por você ou escolhida aleatoriamente de acordo com os seus gostos musicais principais. O terceiro, é importante para a centralização de fãs e artistas em torno de uma estrutura que une informações de uma banda, por exemplo, sua agenda, seus releases e suas músicas para audição ou download. Cada uma dessas mídias é importante no sentido da diversificação do consumo da cultura na Internet, e ter participação nas redes que fazem parte dessas respectivas mídias ajuda ao consumidor na diversidade de produtos culturais selecionáveis.
O Blogger, por sua vez, é mais um sistema de blogging do que um site de redes sociais. Mas sua função enquanto mídia social está em que é possível ao usuário do serviço listar seus blogs preferidos e lê-los como um jornal digital. Além disso, permite comentários em cada postagem e a demarcação da qualificação da postagem baseado na opinião do leitor. É um dos principais meios de divulgação de ideias longas e de debates com os que participam da rede social do serviço.
O Flickr e o Twitpic são mais locais de compartilhamento e de albuns ou fotografias soltas do que propriamente mídias sociais, mas não perdem esta qualidade por serem possíveis de permitir o diálogo mediante os comentários sobre as fotos. Uma das características do Flickr em relação a outras mídias de compartilhamento imagético é que este permite a visualização da imagem e seu não-salvamento em Jpeg, mantendo a imagem com sua qualidade original em poder daquele que detém direitos sobre a mesma. O Twitpic, por sua vez, não apresenta este sistema de segurança, no entanto tornou-se popular como uma forma de vincular diretamente ao Twitter um serviço de divulgação de imagens, assim como outros sites de compartilhamento imagético fazem.
Por fim, um site de rede social que eu torci muito para que desse certo, mas não parece vingar: o tupiniquim EbaH!, site de compartilhamento acadêmico que tem a estrutura parecida com o Orkut. Apesar de um número relativamente grande de usuários e de comunidades com temas científicos e acadêmicos, o site não é levado muito a sério por não haver visibilidade nos processos de compartilhamento nem atualizações. Isso se deve talvez porque seus usuários não estejam voltados à exploração da proposta do site ou mesmo sem disposição em torná-lo um bom local de debate. Acredito que algumas pessoas apenas se utilizam do site para fazer alguma coisa interessante pra área acadêmica, mas certamente não tem a ver com minha área de estudo, dado que estou ainda no aguardo de atualizações. A própria estrutura básica de design no site sugere que seus próprios desenvolvedores não se importam com a necessidade de alavancar novos usuários. Assim, o EbaH! se torna só mais um projeto jogado no ciberespaço sem seu devido valor e reconhecimento investidos.